
Como entender
Introdução
Estamos inseridos dentro de um momento da história verdadeiramente complexo. Relações homossexuais e outros modelos de relações sexuais que vão além do homem e da mulher sempre foram objeto de suspeita e recusa em nome de Deus, da cultura e da natureza[3]. Há milênios a família é vista como a célula base da sociedade, composta por homem, mulher e sua prole. O pai e a mãe tem plena autoridade sobre os filhos sendo responsáveis por sua educação. A família monogâmica era vista como modelo a ser copiado.
Contudo, com o surgimento do Marxismo disseminou-se a concepção de luta de classes. A primeira opressão de classes surge no seio da família. Segundo Engels, no livro A Origem da Família da propriedade privada e do Estado, no começo todas as mulheres coabitavam com todos os homens.
Assim a criança não sabia quem era seu pai, somente sabia quem era sua mãe. Com o inicio da agricultura, o surgimento da propriedade privada e, consequentemente, o direito de herança o homem, grande proprietário, necessitou de saber quem era o seu filho e, por isso, as mulheres foram obrigadas a coabitarem com um só homem, surgindo à monogamia. Por causa da família burguesa, a mulher e os filhos tornam-se propriedade do homem. Daí a necessidade de acabar com a família. Como? Acabando com a opressão do homem sobre a mulher e de ambos sobre os filhos. Pai, mãe e filhos são papéis sociais que devem ser extintos para que possamos ter uma sociedade igualitária. Para que isso ocorra faz-se necessário uma revolução cultural que jogue pelos ares toda superestrutura atual modificando-a segundo os moldes necessários ao Comunismo.
A forma contemporânea encontrada para destruir os papéis que foram supostamente construídos socialmente está na ideia de gênero que assumiu sua forma atual nos anos 90 com os trabalhos de Judith Butler. Logo após o livro O Problema do Gênero, da autora citada, as Fundações Internacionais reuniram-se em Pequim e introduziram, numa suposta Conferência sobre a violência contra a mulher, a expressão “discriminação de gênero”. Contudo, foi na Indonésia, na Conferencia de Yogyakarta que os termos “identidade de gênero” e “orientação sexual” foram definidos. Aparentemente ingênua, a palavra gênero apela à flexibilidade das relações sexuais. A mulher poderá optar pelo gênero masculino e o homem pelo gênero feminino. Um doente, psicopata, poderá optar pelo gênero da pedofilia, da necrofilia e do incesto e, isto, estando amparado pela lei. O aborto é uma simples consequência da liberdade sexual humana. A aberração de gênero nasce no seio marxista e se expande pelo feminismo de gênero nos anos 80. As feministas radicais apontam abertamente para o fim da família e dos tabus do sexo[4], pois é com o fim da família que se alcança a revolução Socialista.
Tal ideologia de gênero, por ser uma mentira escancarada, para ser aceita precisa ser imposta. É isto que acontece no Brasil e em outros países do mundo. No Brasil, embora tenha sido negado pela Câmara e pelo Senado em Brasília, são furtivas as tentativas de implantar tal ideologia, pelo partido com princípios comunistas que esta no poder desde 2002, na educação através de livros distribuídos pelo MEC e pelo Fórum Nacional de Educação[5]; na legislação através do Plano Nacional dos Direitos Humanos III, da Cartilha do Ministério da saúde de 2010, de Decretos da Presidência da República, de leis como a lei da palmada, com o apelo ao aborto e outros Projetos de Leis que tramitam no Congresso. Alguns, em nome do Socialismo, querem implantar uma revolução social desde a tenra infância com a perda de autoridade dos pais e a erotização das crianças, o que é uma plena falta de bom senso.
Diante o atual cenário construído em nome dessa ideologia, observamos à necessidade de alertar o povo brasileiro (uma vez que o poder emana desse povo através do voto) enraizado com valores religiosos que acreditam na família e não sabem do mal intrínseco a revolução cultural de cunho marxista que está sendo realizada em nossa Pátria. Para isso, buscamos escrever esse artigo da forma mais simples possível, e expor sucintamente o que seja a ideologia de gênero e como está sendo inserida no Brasil. É um trabalho fundamentado em pesquisas bibliográficas.
1. Sábios ou loucos? [6]
Todos sabem (ou deveriam saber) que a ideia de sexo[7] (masculino e feminino), não depende de convenções sociais, é um dado biológico. O ser humano do sexo masculino difere-se claramente do ser humano do sexo feminino[8], e isto não depende unicamente de papeis atribuídos socialmente a cada indivíduo. É obvia a existência de uma natureza humana, isto é, de uma essência que define, tanto biológica como psicologicamente, o homem como homem e a mulher como mulher. Ambos não são seres disformes, jogados ao mundo para se construírem escolhendo a que gênero seguir. Tanto o homem como a mulher possuem características peculiares e complementares inerentes a sua condição natural e subjetiva de ser no mundo[9].
Entretanto, a ideologia de gênero[10] se fundamenta no pressuposto da inexistência, ou superação da natureza humana[11] e, por consequência, afirma a condição maleável do sexo, na perspectiva de gênero, entendendo-o como construção social[12]. Não existindo a natureza humana e suas leis, tampouco existem limites para o homem em seu poder imaginativo de escolher ser e fazer o que quiser, de se construir e mudar de escolha caso fique insatisfeito: heterossexual, homossexual, bissexual, travesti, poliandria, onanismo, pornografia, exibicionismo, adepto a zoofilia, a pedofilia, a necrofilia, ao incesto, a bigamia, a poligamia e outras opções que o instinto, em nome do gênero, permitir[13].
Perceba que essa ideologia de cunho marxista[14] proporciona ao homem/mulher uma espécie de “liberdade sartriana[15]” para fazer de seu corpo o que quiser e como quiser, com quem ou com o que quiser. A perspectiva de gênero não prega a igualdade de direitos entre homens e mulheres, mas a identidade entre ambos, isto é, homens e mulheres são seres intercambiáveis[16]: “isso é uma consequência do pressuposto antropológico segundo o qual, todo o ser humano poderia – com absoluta autonomia – escolher seu próprio gênero, já que este vale igualmente tanto para homens como para mulheres[17]” (SCALA 2011, p. 16).Veja sublinhas na citação que a intenção não é unilateralmente o fim da histórica superioridade masculina sobre a feminina, mas sim, o fim da distinção dos sexos e a liberdade sexual em suas múltiplas facetas (pansexualismo), para isso, gerando, também, o fim das consequências naturais que o sexo possa ocasionar com a utilização de recursos artificiais oriundos da ciência (camisinha, pílulas anticoncepcionais, recursos cirúrgicos etc.) ou mesmo o fim da vida que está sendo gerada na mulher com a legalização de práticas de assassinato, como é o caso do aborto.
Por estes motivos supracitados e outros, alguns autores, enfatizam que essa ideologia pretende afirmar uma nova antropologia cultivando uma inversão dos valores, como quisera Nietzsche[18], e pregando uma nova cosmovisão. Para isso, busca se impor através da linguagem[19], da propaganda e dos meios de comunicação em massa, utilizando-se das músicas, das novelas, dos desenhos, dos filmes, dos programas de entretenimento diversos, dos meios de educação formal e da legislação. Essa nova forma de imposição a diferencia de outras ideologias, como o Nazismo, o Fascismo e o Comunismo que se utilizaram do massacre deixando milhões de mortos e mutilados. Em concordância, Scala (2011 p. 12-3) afirma que a estratégia da ideologia de gênero possui três etapas:
a) A primeira consiste em utilizar uma palavra da linguagem comum, mudando-lhe o conteúdo de forma sub-reptícia;
b) depois a opinião pública é bombardeada através dos meios de educação formais (a escola) e informais (os meios de comunicação de massa). Aqui é utilizado o velho vocábulo, voltando-se, porém, progressivamente ao novo significado; e
c) as pessoas finalmente aceitam o termo antigo com o novo conteúdo.
Palavras como democracia, liberdade, igualdade, opção, escolha, direitos, saúde são massivamente utilizadas. De forma quase imperceptível, o conteúdo significativo das palavras são invertidas ou trocadas por outros significados. Por exemplo: a palavra liberdade. Esse conceito é muito utilizado e requerido. Os ideólogos aderem à concepção de liberdade segundo a visão sartriana. Posteriormente, agregam-se outros conceitos a ideia de liberdade, como: liberdade (de escolha), liberdade (sexual), liberdade (sobre o próprio corpo), liberdade (de gênero) etc. Outro exemplo é a palavra democracia: na sociedade contemporânea quase tudo que se faz utilizando essa palavra é aceito espontaneamente. Com essa disposição à aceitação, criam-se verdadeiras tiranias com o sagrado nome de democracia.
Observe que algumas palavras citadas ao longo do texto, como heterossexual, homossexual, bissexual e travesti são desnecessárias em relação à sexualidade. Quando alguém fala que é heterossexual abre um leque semântico para a existência de outras realidades além do homem e da mulher. Não existe “terceiro sexo”. “É verdade que existem pessoas com anomalias sexuais de diversos tipos (...) algumas de origem biológica, como o hermafroditismo; e outras de origem psíquicas, como a homossexualidade, o lesbianismo, o travestismo” (SCALA 2011, p. 16-7). Quando alguém utiliza a expressão heterossexual, homossexual, bissexual, travesti está sendo manipulada ou manipulando semanticamente.
A mídia com o uso da propaganda tem um papel assombroso na divulgação dessa mentira ideológica. As novelas, principalmente, da Rede Globo afirmam descaradamente o gênero se utilizando do humor ou da tragédia; na edição nº 51 de junho de 2012, a Marvel, celebrou o primeiro casamento gay na história dos quadrinhos: o super-herói Estrela polar casou-se com Kyle Jinadu; os livros do ensino médio, das escolas públicas, trabalham a linguagem ideológica; os artigos científicos, monografias e dissertações de cursos de graduação, pós-graduação lato senso e strictu senso também; as passeatas do orgulho gay (GLBT) etc. As pessoas estão sendo bombardeadas por essa ideologia e, mais grave ainda, estão incorporando com senso de normalidade os pressupostos dessa doutrina vergonhosa, tanto na fala como no comportamento. Estão aderindo aos princípios dessa revolução cultural que está sendo imposta sem armas, através de lavagem cerebral.
Assim, após a lavagem cerebral, o corpo doutrinário ganha forma e é, possivelmente, incluído na legislação e na educação formal[20]. O PL 8035/10 que aprovava o Plano Nacional de Educação que foi substituído pelo PLC 103/12 tinha a linguagem ideológica. O PLC 122/06 (que foi negado) preconizava os crimes por “orientação sexual e identidade de gêneros[21],” criminalizando manifestações contra o homossexualismo caracterizando-as como crime de “homofobia”. Esse projeto de lei é de autoria de partidários do PT que em nome de combater o que chamam de “homofobia” introduzem conceitos da ideologia de gênero na legislação, insistem demasiadamente nessa “doutrinação política e ideológica”, infringindo até mesmo a consciência religiosa que está resguardada na Constituição art. 5º inciso VI(et.al.2013).
Outro documento utilizado foi A Cartilha de Diversidade Sexual publicada pelo Ministério da Saúde em 2010 que afirmou na pg. 53: “A identidade de gênero se estabelece a partir de um processo dinâmico e complexo, que envolve aspectos genéticos e sociais, no qual as pessoas se identificam com o masculino ou o feminino, não importando o seu sexo biológico”. Na página 54: “Os papéis de gênero expressam os costumes de um dado momento histórico e, por isso, podem sofrer mudanças.” Usam a linguagem de gênero como verdade de ser. Isso é a destruição da visão de ser humano contemplado contemporaneamente.
A conhecida Lei da palmada, PLC 58/2014 (Lei menino Bernardo que recebeu depois de sancionada o nº 13010/14) aprovada pela Câmara dos Deputados em maio de 2014 e no Senado em junho de 2014, dá ao Estado a prerrogativa de intervir na educação da criança. O objetivo geral não é proteger o menor da “ação violenta” dos pais, mas, sim, desfuncionalizar a família. Tirar a criança da opressão dos pais[22]. A perspectiva de gênero é sorrateiramente inserida na educação, na família e na legislação brasileira.
O Plano Nacional dos Direitos Humanos III, na época Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, assinado pelo então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva - 2009, segundo alguns sem ler o documento, estimulava a democracia direta (feita por plebiscitos manipulados, como na Venezuela), controle social da mídia (censura), criação da comissão da verdade (tentativa de reescrever a história colocando revolucionários assassinos como heróis), legalizar o aborto e realizá-lo pelo SUS (o consumidor que é contra o aborto, 82% da população, irá pagar essa conta), legalização da prostituição (colocar a prostituição como profissão e ensinar isso nas escolas como profissão para as crianças), ideologia de gênero na educação (crianças aprenderão na educação que ser homossexual e heterossexual é questão de escolha), retirar os símbolos religiosos dos locais públicos (repudio contra as religiões, principalmente a religião cristã), desarmar a população etc. São esses e outros absurdos, como a heteronormatividade e a perda da propriedade privada, que constam nesse documento[23]. É uma doutrinação ideológica da população usando como bandeira a ideia de Direitos humanos.
Percebemos que o Brasil, nesse momento da história, vive uma turbulência no campo das ideias. Se não for feito um trabalho oposto, onde se reafirme toda a estrutura referente à condição humana (enquanto imagem e semelhança de algo maior do que suas vontades e vaidades) é possível que as próximas gerações condicionem essa ideologia ao seu modo de ser criando “um novo homem”. A única forma de lutar contra a mentira é “atacá-la” com a verdade. Quando alguém tenta descontruir a verdade, nada mais faz do que enfatizá-la, pois a verdade é auto-evidente. Parece-me, ao ler as ideologias fundamentadas no marxismo, que a busca não é por justiça para o proletariado, para a mulher, para o homossexual, o bissexual... mas os ideólogos buscam vingança, ao ponto de almejarem o extermínio, a anulação da condição humana para o apogeu de um novo ser inserido numa sociedade sem amarras. Exaltam a subjetividade almejando torná-la verdade universal. Um contrassenso desmascarado que, infelizmente, alcança adeptos mundo a fora.
Conclusão
Acredito que as ideologias não assustam as pessoas que condicionam suas vidas a princípios transcendentes. Sabemos que coisas piores irão acontecer e que atitudes antinaturais sempre aconteceram. Na Sagrada Escritura, livro de Romanos (1: 16-32), o apóstolo Paulo afirmou que a ira de Deus está sobre os homens que trocam a verdade pela mentira e que a esses homens
Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador (...) Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza (...). E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; estando cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo a justiça de Deus, não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem. (grifo do autor)
Por enquanto, a mentira busca formas de se apresentar e ser aceita na Cidade dos homens. Querem fundamentar o incognoscível. A Onisciência Divina, desde todo sempre, conhece o coração humano e sua vaidades. Contudo, preparou uma Cidade Divina para todos que buscam semear a verdade através da fé em Cristo Jesus. Não é de hoje que a Igreja de Cristo condena as práticas homossexuais, abortivas, anticonceptivas e derivadas. Um documento conhecido é a carta Encíclica Humanae Vitae onde o Papa Paulo VI advertiu que o amor conjugal é entre sexos opostos de forma exclusiva e até a morte. O casamento é indissolúvel tendo como finalidade natural à transmissão da vida e, portanto, sendo erro moral grave a esterilização. Portanto, fica advertido o uso de anticoncepcionais, pois esses métodos de regulação artificial “abre um caminho amplo e fácil para a infidelidade conjugal e à degradação da moralidade”. Com o uso de anticoncepcionais a mulher corre o risco de tornar-se apenas um instrumento de satisfação para o homem e não uma esposa respeitada e amada no seio familiar. Os esposos são colaboradores de Deus na transmissão da vida. Colaboração que deve ser feita com alegria, embora possa vir com dificuldades e angustias. Sabemos das dificuldades de alguns casais em ter muitos filhos na sociedade de hoje (PAULO VI et. al. 2015), mas para isso existem métodos naturais que funcionam, como o Billings.
Dizem os ambientalistas que se continuarmos mudando a natureza destruiremos o mundo. Concordo e afirmo: se mudarmos a natureza humana destruiremos o homem e reduziremos a sociedade até seu aniquilamento. É hora de olharmos para o mundo e o ver como é. Sair desse mundo inventado nos contos de fadas onde tudo depende da “verdade que está no meu coração”. É interessante observar como as ideologias se colocam entre os reflexos da realidade. Evidentemente foi construído, em virtude de visões históricas e culturais, um estereotipo em torno da mulher. Contudo, resgatar a dignidade da mulher não é necessariamente dar a esta a condição de tornar-se ideologicamente homem. Acrescento: não odeio e, nem tão pouco, desejo a morte a quem prática aborto ou sexo com pessoas homossexuais ou com o que seja. A luta aqui não é “contra a carne e o sangue”, mas contra os espíritos malignos que andam destruindo a imagem e semelhança de Deus. Contudo, enfatizo que não consinto com tais práticas e uso o meu direito constitucional de expor minhas ideias, mesmo que sejam contrárias as que estão sendo exaltadas pela sociedade. E que Deus tenha misericórdia de nós!
Marcos Delson da Silveira[1]
Polyana Lessa Silva[2]
Notas:
[1] Licenciado em Filosofia (FCA); pós-graduado em Docência Universitária (FCA), Filosofia do Direito (MODERNA), Direitos Humanos da Criança e do Adolescente (UFG) e pós-graduando em Filosofia Clínica (FCA). Possui formação complementar Superior em Gestão de Segurança (FCA).
[2] Bacharel em Enfermagem pela Uni Evangélica e pós-graduada em Docência Universitária pela Faculdade Católica de Anápolis.
[3] Os filósofos gregos teorizaram uma essência no ente que o faz ser o que é e que define a sua natureza. O pensamento judaico-cristão, fundamentado no livro Sagrado, afirma em Gêneses (1) que no princípio do mundo Deus criou o homem e a mulher como seres complementares e responsáveis pela progressiva continuidade da vida no Planeta. Ademais, o simples fato de olhar para a realidade nos leva a contemplar realidades puramente diferentes e necessárias para a continuidade da vida.
[4] Por tabus entende-se a legalização do incesto, da pedofilia, da necrofilia... veremos mais adiante(grifo do autor).
[5] “Durante a votação do Plano Nacional de Educação (Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014), esta Casa suprimiu a redação da terceira diretriz proposta para a Educação Brasileira, cujo artigo 2, inciso III, na redação original proposta pelo Ministério da Educação, continha os leitmotivsclássicos da ideologia de gênero: “identidade de gênero” e “orientação sexual”. A casa também suprimiu, no restante do projeto, todas as demais alusões a estes termos. Entretanto, após a Câmara e o Senado terem rejeitado deste modo a ideologia de gênero como diretriz da educação nacional, o Fórum Nacional de Educação, publicou, em novembro de 2014, o Documento Final da Conae 2014, no qual é apresentado como terceira diretriz obrigatória para o PNE, para o planejamento e para as políticas educacionais no Brasil, o texto que havia sido explicitamente rejeitado pelas duas casas do Congresso Nacional: “superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da igualdade racial, regional, de gênero e de orientação sexual, e na garantia de acessibilidade” (...)“apresentado como norma legal, embora explicitamente rejeitado pelo Congresso, o restante do documento (PNE) desenvolve nas suas mais de uma centena de páginas como o sistema escolar deverá “promover a diversidade de gênero” (pg. 25) , “disseminar materiais pedagógicos que promovam a igualdade de gênero, orientação sexual e identidade de gênero” (pg. 36), “desenvolver, garantir e executar anualmente nos sistemas de ensino Fóruns de Gênero” (pg. 41), “inserir na avaliação de livros critérios eliminatórios para obras que veiculem preconceitos ao gênero, orientação sexual e identidade de gênero” (pg. 42), “garantir condições institucionais para a promoção da diversidade de gênero e diversidade sexual” (pg. 43), “elaborar diretrizes nacionais sobre gênero e diversidade sexual na educação básica e superior” (pg. 45), “ampliar os programas de formação continuada dos profissionais de educação sobre gênero, diversidade e orientação sexual” (pg. 92), apresentados como metas obrigatórias em virtude de uma norma legal do PNE que foi, na realidade, explicitamente rejeitada pelo Congresso”(Requerimento de Informação Nº 565-2015, p.02 e 21)
[6] Rm 1: 22
[7] Que maliciosamente alguns entendem como sinônimo de gênero
[8] O homem possui pênis, espermatozoide, testosterona, os cromossomos xx e xy presentes nas células masculinas etc; a mulher a vagina, o útero, a gravidez, a progesterona etc. Estes dados não dependem de construções históricas.
[9] Qualquer cirurgia que proporcione a um homem ficar com a genital parecida ou semelhante à feminina demonstra uma luta contra a natureza. Essa cirurgia nada mais faz do que evidenciar a insatisfação de um individuo em relação a si próprio. Essa cirurgia não muda o sexo do indivíduo.
[10] “A assim chamada ‘teoria’ (‘enfoque, ‘olhar’) de ‘gênero’ é, na realidade, uma ideologia. Provavelmente a ideologia mais radical da história, já que, se fosse imposta, destruiria o ser humano em seu núcleo mais íntimo e simultaneamente acabaria com a sociedade. Além disso, é a mais sutil porque não procura se impor pela força das armas – como, por exemplo, o marxismo e o nazismo - , mas utilizando a propaganda para mudar as mentes e os corações dos homens, sem aparente derramamento de sangue” (SCALA 2011, p. 11).
[11] Simone de Beauvoir, no livro O Segundo Sexo (1970; p.72), inspirada no materialismo histórico, afirmou que “a humanidade não é uma espécie animal: é uma realidade histórica. A sociedade humana é uma anti-phisis”. O ser humano, antes de ser um ser natural, é um ser histórico. Afirma que a sociedade humana é contra a natureza no sentido de buscar superá-la constantemente.
[12] Firestone, no livro A Dialética do sexo (1976, p. 12-40), afirmou que “as feministas tem que questionar não só toda a cultura ocidental (...) mais até a própria organização da natureza (...) o natural não é necessariamente um valor humano (...) Não podemos mais justificar a conservação dos sistemas discriminatórios de classes sexuais com o pretexto de que se iniciou na natureza.” Propõe sua visão de superação da natureza e liberdade sexual para os sexos nos seguintes termos: “Para assegurar a eliminação das classes sexuais, é preciso à revolução da classe baixa (as mulheres) e a tomada de controle da reprodução: a restituição às mulheres da tomada de propriedade dos seus próprios corpos, bem como do controle feminino da fertilidade humana, incluindo tanto a nova tecnologia quanto todas as instituições sociais da nutrição e da educação das crianças (...) a meta final da revolução feminista deve ser (...) não apenas a eliminação do privilégio do homem, mas também da própria distinção sexual (...) uma volta a pansexualidade livre (...) substituiria o hetero, a homo e a bissexualidade (...) a reprodução da espécie de um sexo em beneficio dos dois seria substituída pela reprodução artificial...” (FIRESTONE 1976, p. 20-1).
Assim como fizeram alguns autores da Escola de Frankfurt, com a teoria crítica da sociedade Wilhem Reich no livro Revolução sexual e HebertMarcuse no livro Eros e civilização, Firestone transferem a concepção marxista de lutas de classes para a concepção de luta de sexos. O sexo feminino, oprimido, e o sexo masculino, opressor. A pansexualidade é a síntese alcançada no desfecho dessa luta, levando, tanto o sexo masculino como o feminino, a exercer a genitalidade sem freios ou limites.
[13] “O tabu do incesto é necessário agora apenas para preservar a família; então, se nós acabarmos com a família, na verdade acabaremos com as repressões que moldam a sexualidade em formas especificas. Os tabus de sexo entre adulto/criança e do sexo homossexual desapareceriam, assim como as amizades não sexuais (...) todos os relacionamentos estreitos incluiriam o físico” (FIRESTONE 1976, p. 54)
[14] Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) escreveram no Manifesto do Partido Comunista (2010; p. 45) que “a historia de todas as sociedades que existiram até hoje é a história da luta de classes (...) opressores (os homens) e oprimidos (as mulheres) sempre estivem em constante oposição uns com os outros,” e essa oposição tem como desfecho “uma transformação revolucionaria de toda a sociedade” ou “o declínio comum das classes em luta.” Para a transformação revolucionaria da sociedade segue “a guerra civil mais ou menos oculta dentro da sociedade atual, até o momento em que ela explode numa revolução aberta e o proletariado funda sua dominação com a derrubada violenta da burguesia” (2010; p. 56). No livro A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (2002; p. 62), Engels, escrevendo sobre a família monogâmica e luta de sexos, afirmou a opressão do sexo feminino pelo masculino: “A monogamia não aparece na história (...) como uma reconciliação entre o homem e a mulher e, menos ainda, como a forma mais elevada de matrimônio. Pelo contrário, ela surge como a forma de escravidão de um sexo pelo outro, como proclamação de um conflito entre os sexos (...) o primeiro antagonismo de classes que apareceu na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher na monogamia; e a primeira opressão de classes, pela opressão do sexo feminino pelo masculino”. O antagonismos de sexos foi a primeira luta de classes. Para os ideólogos com a ideia de gênero essa luta chegará ao fim.
[15] Jean-Paul Sartre (1905-1980) afirmou que a existência precede a essência. No texto O existencialismo é um humanismo, o filósofo cita Dostoievski: "Se Deus está morto, então tudo é permitido". Sartre descaracterizou com a ideia da “morte de Deus” a existência de valores absolutos, prontos e dados a uma determinada natureza humana. O homem goza de plena liberdade e não há uma natureza inerente a sua dignidade humana, tudo lhe é permitido, até mesmo reconstruir-se partindo do imaginário. A pergunta metafísica, quem eu sou, transformou-se na pergunta existencialista, o que eu quero ser (SILVEIRA 2014, p.32). “O existencialista, pelo contrário, pensa que é muito incomodativo que Deus não exista, porque desaparece com ele toda a possibilidade de achar valores num céu inteligível; não pode existir já o bem a priori, visto não haver já uma consciência infinita e perfeita para pensá-lo; não está escrito em parte alguma que o bem existe, que é preciso ser honesto, que não devemos mentir, já que precisamente estamos agora num plano em que há somente homens. Dostoiévski escreveu: ‘Se Deus não existe, tudo seria permitido’. Aí se situa o ponto de partida do existencialismo” (SARTRE apud ALMEIDA, p.50).
[16] A ideologia de gênero retira o sexo da ordem natural colocando-o na ordem cultural. Essa visão cultural do sexo transporta o homem/mulher para a dimensão puramente histórica. Homens e mulheres não o são por natureza definidos, mas pela cultura. Assim, para homens e mulheres serem idênticos basta mudar a cultura e a história. Basta passar de uma cultura machista para uma feminista.
[17] Uma ideologia sempre parte de uma premissa maior que deve ser rejeitada. Caso alguém aceite a premissa maior deve estar pronto para todas as consequências que se extrai daí. Agora, se nega a premissa superior, nega todo o sistema.
[18] Nietzsche (1844-1900), no livro A Genealogia da Moral, faz uma forte crítica aos valores morais. Afirmou que não mais se preocupou, como fazia quando era uma criança, em procurar a “origem do mal para além do mundo”. Segundo ele, partindo de um pouco de educação histórica e filosófica, abandonou a pergunta “qual é a origem de nossa ideia do bem e do mal” e tentou responder a pergunta “de que modo inventou o homem essas apreciações ‘o bem e o mal’?” A ideia moral perde sua identidade transcendente, o que ele chama de “preconceito teológico”, e torna-se construção histórica. Para o filósofo os valores morais precisam ser questionados, e quem assim o fizer, verá vacilar “sua fé na moral”. Afirma que é indispensável “uma critica dos valores morais” e, para isso, “é necessário conhecer as condições e os ambientes em que nasceram, em favor dos quais se desenvolveram e nos quais se deformaram”. Para isso parte de uma nova perspectiva: E se o “bom” for sinal de retrocesso que leva o homem a dar sua vida no presente em detrimento do futuro? “E se o contrário representasse a verdade?” E se a moral for uma forma de aprisionar o homem impedindo-o de chegar ao mais alto grau do seu esplendor? “E de modo que entre todos os perigos fosse justamente a moral o perigo por excelência?” (NIETZSCHE, 2009, p. 17-21).
[19] O filósofo Nietzsche (2009, p. 29) enxerga a própria origem da linguagem como um ato de autoridade que emana daqueles que dominam: “eles dizem: ‘Aí está o que é isto e o que é aquilo’, apõem seu selo sobre todas as coisas e todos os acontecimentos por meio de um som e, de alguma forma, se apoderam desse fato”
[20] PDC 122/2015 visa “sustar os efeitos da inclusão da ideologia de gênero no Documento Final do Conae- 2014, assinado e apresentado pelo Fórum Nacional de Educação”. Autor: deputado Jair Bolsanaro
[21] PLC 122/06 art. 3º
[22] Leia o artigo de Romeu Tuma Junior “Lei da Palmada”: Um tapa na cara da família brasileira. Disponível em: http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI204630,41046Lei+da+Palmada+um+tapa+na+cara+da+família+brasileira, acessado em 23/12/2015.
[23] Para Marx e Engels, no Manifesto do Partido Comunista (2010; p. 63-5), a meta da revolução social é o Comunismo. Para isso é necessário alcançar os seguintes itens: a) A abolição da propriedade privada; b) Abolição da família; c) Abolição da exploração das crianças pelos pais; d) transferência da educação doméstica para a social e) comunidade das mulheres e a abolição da pátria e da nacionalidade. Não e necessário uma inteligência brilhante para perceber esses itens sendo buscados nestes PLs e PNDH III citados acima.
Bibliografia:
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- BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: fatos e mitos. São Paulo: Difusão europeia do livro 4ªed – tradução de Sérgio Milliet, 1970
- Bíblia Sagrada, Traduzida em Português pelos Monges de Maredsous e revisada por Frei João José Pedreira de Castro, OFM, e pela equipe auxiliar da editora. Editora Ave Maria, 56ª ed, São Paulo: 2005
- BITTAR, Eduardo C.B; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do Direito – 10ª ed. São Paulo: Atlas, 2012
- Carta Encíclica Humanae Vitae do Papa Paulo VI, Sobre a Regulação da Natalidade, 1968
- ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado. São Paulo: Centauro, 2002, p. 62
- FIRESTONE, Shulamith. A dialética do sexo. Rio de Janeiro: Labor do Brasil, 1976
- MARX, Karl Heinrich; ENGELS, Friedrich.Manifesto do Partido Comunista – tradução de Pietro Nassetti – 2ª ed. São Paulo: Martin Claret, 2010
- NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. AGenealogia da Moral. Tradução de Antônio Carlos Braga. 3ª ed. São Paulo: Ed. Escala, 2009
- Requerimento de Informação Nº565-2015, p. 02
- ROUSSEAU, Jean-Jacques. A Origem da Desigualdade entre os Homens – 2ª ed. São Paulo: Escala, 2007, p. 65
- SCALA, Jorge. Ideologia de gêneros: o neototalitarismo e a morte da família. São Paulo: Katechesis, 2011
- SILVEIRA, Marcos Delson da. “Brincando de Filosofar”: sucintas reflexões. Goiânia: Kelps, 2014
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